miércoles, octubre 26, 2005

A presença de mamita

Amigos, antes de mais nada, peço desculpas pela demora nessa atualização. Semana passada minha mãe esteve aqui comigo e, entre passeios, almoços, jantares, comemorações e mudança de apartamento, não tive condições de sentar em frente ao computador.

Por isso, dessa vez vou postar mais fotos que palavras. As fotos da coluna esquerda são de nossa viagem a Colônia, no Uruguai. O barco que nos leva parece um avião flutuante, e Colônia é uma cidade linda e que, por ter sido colonizada também pelos portugueses, lembra muito nossas cidades históricas, especialmente Paraty.

As duas outras fotos 'a direita foram tiradas no dia do aniversário da minha mãe, quando fomos jantar no Asia de Cuba, misto de bar, restaurante e danceteria. Muito lindo.

Bom, por agora é só, mas aguardem que um capítulo especial sobre os mullets dos argentinos está vindo aí...

PS: Desculpem-me, mas como estou num outro computador a configuração das imagens ficou um cocô de cachorro argentino.
















miércoles, octubre 12, 2005

"El Aura" e a cultura argentina

Ontem fui ver o filme El Aura, produção argentina que estreou há cerca de 1 mês e é sucesso absoluto. Sobre o filme não quero falar muito, só adianto que é ótimo. Ele foi dirigido pelo Fabián Belinsky, o mesmo diretor de 9 Rainhas. Quem viu, sabe que o cara é bom. Portanto, recomendo que vocês o assistam (imagino que já esteja aí em SP).
Mas na verdade o filme foi um pretexto para falar um pouco sobre a produção cultural aqui na Argentina, especialmente em Buenos Aires. Na verdade o assunto rende muitas linhas escritas, por isso vou me restringir a alguns poucos exemplos. Percebo que as iniciativas na área da cultura são visíveis e não dependem exclusivamente do poder público. É como se existisse um movimento contínuo, um calendário extenso de mostras, filmes, festivais, realizados tanto pelos órgãos oficiais da cultura, quanto pelos produtores independentes.
A Secretaria de Cultura de Buenos Aires tem programas diversos, desde iniciativas voltadas para a chamada “cultura de bairro” até grandes ações, como exposições de arte, mostras de teatro e filmes. Por exemplo, durante todo o mês de Setembro aconteceu o Festival Internacional de Buenos Aires, com o foco voltado mais para as produções teatrais. Houve apresentações de dezenas de grupos internacionais, e mais uma programação dedicada às companhias de teatro/dança locais. Vale lembrar que todos os espetáculos dos grupos argentinos tiveram entrada gratuita. Os resultados foram fantásticos, mais de 100.000 pessoas assistiram às peças e às atividades paralelas.
Na última semana de Setembro aconteceu o Festival de Arte de Buenos Aires, com diversas atividades relacionadas às artes cênicas e visuais. Para fechar o festival, realizou-se a “Noite dos Museus”, sábado em que 53 museus da capital abriram suas portas das 19h às 2h da manhã, com entrada gratuita e oferecendo, além de visitas monitoradas, atividades paralelas como shows, oficinas e encontros variados. A festa oficial de encerramento desse festival aconteceu em frente à Direção Geral dos Museus, em Puerto Madero, com apresentações de grupos musicais diversos e DJs.
Por outro lado, a produção cultural independente também é muito rica. Isso eu já tinha percebido quando cheguei aqui, depois confirmei minhas impressões conversando com minha prima e outros conhecidos. Justamente pelas dificuldades que o país enfrenta, os grupos independentes se mobilizaram de uma maneira jamais vista e produzem mostras coletivas, festivais de música, criam centros culturais comunitários, e por aí vai. Nada de ficar parado lamentando a crise, a ordem é juntar-se a pessoas com interesses comuns e fazer acontecer.
Com isso, percebo que, ainda que a cultura aqui sofra os mesmos problemas que em qualquer país da América Latina, especialmente com relação à ausência de uma política cultural bem definida e à constante falta de verbas, as iniciativas para se tentar uma nova aproximação e abordagem junto ao público em geral são evidentes. Todas estas iniciativas obtêm resultados visiveis e, no final, quem ganha é toda a cidade. É claro que existem muitas limitações, e o debate sobre o “acesso à cultura” é permanente e está longe de ser totalmente resolvido. Mas os exemplos que eu mencionei nesse texto mostram que para se produzir uma cultura acessível e com um mínimo de qualidade, antes de dinheiro, é necessário vontade.
E, voltando ao tema inicial desse texto, não é à toa que o cinema argentino cresce cada vez mais. Como resposta ao investimento feito nas produções nacionais, o filme El Aura, junto com mais duas outras produções argentinas, foram os mais vistos nos últimos finais de semana, à frente das produções estrangeiras.
Bom, e para finalizar, uma novidade. Vou começar a fazer um trabalho voluntário numa fundação criada por um artista plástico argentino, e que tem justamente o propósito de criar uma comunidade de artistas e não-artistas para incentivar a produção cultural argentina. Depois conto pra vocês com mais detalhes...
Besos.

viernes, octubre 07, 2005

Missão cumprida

Ontem foi meu último dia de curso de espanhol. Mais uma vez fiquei com a sensação de que tudo passa muito rápido! Comecei outro dia e já se foram 2 meses... Por outro lado, tenho a sensação de que estou aqui faz muito tempo.

Bom, apresento a vocês alguns dos meus amigos do curso. Tiramos essas fotos logo depois do exame oral, no café que fica em frente à universidade. O que valeu a pena nesse curso, mais que estudar espanhol, foi conhecer gente com percursos tão diferentes. Alguns deles continuam aqui em Buenos Aires, outros seguem viagem, outros voltam às suas origens. O Michael, da Australia, veio aproveitar parte de suas férias em BsAs com sua namorada e mais um casal de amigos e agora segue viagem pela América do Sul. Já para o outro Michael, alemão, o motivo de sua vinda para Buenos Aires foi sua namorada argentina, que ele conheceu faz 5 anos pela Internet. A Marjorie e a Rebecca, vieram para cá com uma bolsa de estudos, e estão estudando em faculdades daqui.


Michael (australiano) e sua namorada; Marjorie (francesa) e Michael (alemão);Rebecca (alemã) e eu


E eu, vim pra Buenos Aires para estudar espanhol, descansar e pesquisar temas que me interessam, especialmente sobre arte e cultura latino-americana. E por aqui continuo, cumprindo minha missão...

Besos.

Obs - Somente lembrando: para postar comentários sem ter que se cadastrar, criei um usuário genérico.
Usuário: amigosdaana
Senha: amigos

martes, octubre 04, 2005

La ciudad parte 3: a cultura de rua

Quando me perguntam o que eu mais gosto em Buenos Aires não tenho dúvidas em responder: poder caminhar. Isso é uma coisa que sempre foi meu “sonho de consumo” em São Paulo, mas que eu nunca pude desfrutar. E aqui eu faço uma distinção entre “andar” e “caminhar”. Em São Paulo, anda-se de um lugar para o outro. Como disse uma vez o Isay Weinfeld, “São Paulo é uma cidade de pontos finais, e não de trajetos”. Sempre se têm em mente o destino final, o “quanto tempo leva daqui até lá”, e somente aos finais de semana é que se pode caminhar sem ter a preocupação do lugar e do tempo. Aqui, no dia a dia, é possível caminhar, fazer um percurso, um trajeto. Pode parecer meio simples, mas sinceramente, faz toda a diferença. A diferença entre “ir de um ponto a outro”, e entre “ir de um ponto, caminhando por tal trajeto, até chegar ao outro”.

Em primeiro lugar, a topografia da cidade facilita. Buenos Aires é uma cidade plana, não existem ladeiras, e uma caminhada de 15 quadras é feita com a maior tranquilidade. O sistema de transporte coletivo também ajuda, e muito; se o trajeto é um pouquinho mais longo, sempre vai ter um “102”, ou um “86”, ou uma linha “D” do metrô que te ajuda. Por isso eu me orgulho de, em quase 2 meses, ter andado raríssimas vezes de táxi.

Outra coisa, aqui as ruas aqui são convidativas. Por mais simples que sejam, sempre há uma banca de flores, um prédio, uma árvore, um café, detalhes que tornam qualquer caminhada, por mais apurada que eu esteja, um motivo de prazer. Existem inúmeras praças, as quais, para mim, são a salvação de qualquer cidade grande. Eu sinto falta em São Paulo de boas praças, daquelas para se sentar nem que por 5 minutos, observar as crianças que brincam, os velhinhos que descansam ou simplesmente vêem a vida passar, os casais que aproveitam uns 10 minutos livres pra namorar; praças que existem para que a população possa desfrutá-las, e não para “ornamentar” um bairro. Essas fotos são da Plaza Sobral que fica a duas quadras da minha casa.

Isso faz com que aqui em Buenos Aires haja essa “cultura da rua”. Por isso que os prédios de apartamentos não precisam ter complexos desportivos ou de lazer, basta caminhar por algumas quadras para se chegar a algum parque ou praça, basta ir até a esquina pra se encontrar um café onde você pode ler tranqüilamente o seu jornal sem precisar ficar trancafiado em casa.

Enfim, espero que quando volte pra São Paulo eu possa levar comigo esse hábito, ainda que a cidade não seja lá das mais convidativas para se caminhar. Também espero voltar com esse olhar mais afiado para perceber coisas que antes eu não percebia.

Ah, e por falar em voltar para São Paulo, meu retorno foi postergado para o meio de Novembro... mas eu volto, viu? Besitos.