viernes, noviembre 18, 2005

O argentino e os peidos

Calma, antes que você pense que eu vou falar sobre nosso gás natural, explico. O idioma espanhol tem certas palavras, expressões ou “soluções lingüísticas” muito curiosas. Por exemplo, aqui quando se diz “ahora ya te explico”, não significa que a pessoa vai te explicar agora agora, mas sim daqui a pouquinho.

Ja outras palavras praticamente te fazem perder qualquer respeito pelas pessoas. Afinal, o que dizer de um povo que chama cachecol de "bufanda" (parece buzanfa), tomada de "enchufe", espirro de "estornudo", e o melhor, privada de "inodoro"?? Sim, vaso sanitario aqui se chama inodoro. Quer coisa mais contraditoria???

Por outro lado, há algumas expressões informais que eu pensei que só existissem no português, mas que aqui também são usadas. Quem diria que a expressão “nem a pau” tivesse seu correspondente em espanhol? “Ni a palo”. Gostou? Caiu a ficha? Ou melhor, "te cayo la ficha?" (sim, essa tambem).

Mas o melhor está por vir. Aqui na Argentina a palavra peido tem várias utilizações. A primeira vez que eu escutei, pensei: “não, deve ser outra coisa, “pedo” não deve significar “peido”. Ledo engano. Bom, basta de introduções e vamos aos exemplos:

Você está em casa, sem fazer nada, na vagabundagem? Então “estás al pedo”.

Você sai de casa especialmente para conhecer um restaurante novo, super bacana, que fica longe, e quando chega lá ele está fechado? Então, “fuiste al pedo”.

Decide ir para um bar com os amigos e depois de 3 garrafas de vinho e 15 chopps, podemos dizer que “ustedes están en pedo”.

No dia seguinte, acorda atrasado e sai correndo para o trabalho ou, em outras palavras, “andás a los pedos”.

Tem que fazer um trabalho super difícil e que, surpreendentemente, você resolve de forma fácil. Alguém te pergunta como você fez isso e você responde: “no sé, me salió de pedo!”

Agora, o mais engraçado é pensar nessas mesmas expressões em português. “Oi, não, não estou fazendo nada, tô aqui em casa ao peido”. “Putz, viemos só para conhecer esse lugar e ele está fechado! A gente veio ao peido, então…”. “Gente, acho que bebi um pouquinho demais, tô em peido!”. “Ih, olha la a Ana andando aos peidos, deve estar atrasada de novo pro trabalho...". “Juro que não sei como resolvi esse problema, me saiu de peido!”

No mínimo, curioso… isso sem contar a quantidade de vezes que se utiliza a palavra “cagar” em suas variações. “No me cagues…”, “eso es una cagada”, e por aí vai.

Minha prima Pat que mora aqui fez uma observação interessante. Parece que os argentinos não saíram da fase anal da psicoanálise.

Enfim, Freud explica!

Besos.

sábado, noviembre 05, 2005

Mullets: informaçao adicional

Na emoção de escrever sobre os mullets, acabei esquecendo de colocar um detalhe, no mínimo, curioso. Graças à contribuição do meu amigo Carlão, agora apresento a vocês a versão mais que fashion dos mullets. Aqui, até os manequins usam mullets. Isso mesmo. Numa loja bacana, com roupas bacanas, nada melhor que fazer com que os manequins reflitam o ideal de imagem dos consumidores não? Pois então, coloque uma peruquinha mullet no seu manequim e garanta o sucesso de seu negócio!

miércoles, noviembre 02, 2005

Mullets: ter ou nao ter, eis a questao.

Uma coisa que eu não entendo nos argentinos: como um país que tem uma das maiores concentrações de pessoas bonitas, ao mesmo tempo tem a maior concentração de usuários de mullets. Aos que por algum motivo não conhecem esse termo, explico: mullets é um modelo de corte que se caracteriza por cabelos mais curtos por toda a cabeça mas que na parte da nuca apresenta fios, em pequena ou grande quantidade, mais longos. Em palavras mais simples: é o famoso estilo “Chitãozinho”.

Por isso, achei mais do que necessário abrir um tópico para falar dessa moda de corte capilar que, por motivos que eu ainda desconheço, faz sucesso aqui entre homens e mulheres. O fato é que passar o tempo inteiro me deparando com usuários de mullets me fez categorizá-los. Sim, a moda aqui está tão “evoluída” que podemos classificar os distintos modelos. Infelizmente não pude fotografar todas as categorias para ilustrar esse show de horror, mas conto com minha capacidade de descrição e com a capacidade de imaginação de vocês.

- Tradicional: O mullet tradicional é aquele que o corte de cabelo ao longo da cabeça é simples, sem muitas inovações, e a parte da nuca é quase uma “extensão natural” do resto do cabelo. É aquela coisa: você vê o usuário de frente, pensa: “cabelo normalzinho”, mas quando ele se vira você percebe que o cabelo normalzinho adquiriu um comprimento um pouquinho maior do que o necessário na parte de trás da cabeça.

- Mega mullet: O mega mullet tem tudo a ver com o desleixo. Seria comparável à barriga do homem. Antes de casar, ele se cuida, fica com a barriguinha OK, mas depois que já é um pouco mais velho, já está casado, estável no emprego e não precisa impressionar mais ninguém, deixa a barriga desenvolver-se do jeito que ela quiser. O mesmo acontece com seu mullet. Nota-se que o homem já não se importa com a aparência que adquiriu seu cabelo, o qual pode atingir um comprimento assombroso. Uma das fotos que eu consegui tirar foi justamente de um mega-mullet. Vejam e tirem suas próprias conclusões.

- Arrumadinho: Engana-se quem pensa que os mullets só são usados pelos desleixados ou fora de moda. Essa categoria de mullet é encontrada principalmente em jovens entre 21 e 30 anos, que trabalham no centro e usam terno e gravata durante o dia e camisas para dentro da calça quando saem à noite. Nota-se um cuidado muito grande com o mullet. Normalmente o cabelo é bem cortadinho, aparado, e o mullet pode se resumir a apenas uns “cachinhos”, ou uma partezinha um pouquinho maiorzinha na minha nuquinha. Enfim, o típico mullet mauricinho.

- Moicano: essa é uma variação dos meninos alternativos. Porque quem pensa que mullet só é usado pelos mais tradicionais, também está muito enganado. Os alternativos de Buenos Aires também adotaram esse penteado. Bom, nesse caso é simples. Um corte moicano (ou estilo punk), só que se estende mais do que o necessário na parte de trás. Sinceramente, às vezes toma proporções tão grandes que parece que o rapaz colocou um peixe em cima da cabeça, e o rabo ficou cobrindo a nuca. Ok... sei que a comparação foi meio forçada, mas foi o que me ocorreu.

- Rasta: também usado pela parte moderna e alternativa dos meninos portenhos. É algo terrível. Não é que todo o cabelo do rapaz é rasta. É só o mullet. Ele pode ter cabelo raspadinho, um pouco mais comprido, liso, crespo, mas só o mullet é rasta. E aí encontramos variações. O mullet pode ser constituído de um único rasta, solitário, praticamente um “tererê”, ou pode ser numeroso.

- Feminino: Para quem até agora só viu homens usando mullets, les presento la versión femenina! Sim, as meninas aqui também sucumbiram a essa moda. Nesse caso é um corte no qual o cabelo é repicado por toda a cabeça, e na parte de trás, obviamente, é comprido. Algumas versões são mais sutis, mas outras... Principalmente quando o repicado é bem radical ou quando o cabelo não é tããão lisinho assim, fica uma espécie de “capacetinho” acompanhado dos fios mais compridos na nuca. E quando elas cismam em prender o mullet em um rabo de cavalo então... nossa. Sem comentários. Também tirei uma foto de uma menina mullet, mas ficou desfocada. Espero que dê para se ter uma idéia...

Híbrido: É claro que o ato de categorizar limita muito qualquer análise. E é por isso que existem os mullets híbridos, ou seja, aqueles que podem ter uma ou mais características de uma ou mais classes. A ordem é usar a imaginação, não ter medo do ridículo, e fazer o mullet a sua maneira!

Alguém se habilita???

Besos.